As Baleias Francas da Patagônia
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Baleia Franca-Austral e filhote - Foto: Didier Noirot |
A baleia-franca-austral (Eubalaena
australis) é uma das três espécies de baleia-franca,
pertencente ao gênero Eubalaena. Estima-se que haja cerca de 7500
exemplares desta baleia espalhadas pelo sul do Hemisfério Sul,
numa faixa compreendida entre os 30º e os 55º de latitude. Pode atingir os
18 metros de comprimento e as 80 toneladas de peso.
A caça indiscriminada deste tipo
de baleia, devido à quantidade de óleo possuída por exemplar, deixou-a
quase em perigo de extinção. Desde o século XIX,
a população destes animais foi reduzida em 90%. Actualmente estima-se
que exista uma população que oscila entre os 7500 e 8000 indivíduos. Durante
o inverno, as baleias escolhem as águas mais quentes do hemisfério sul
para se reproduzirem, tais como os seguintes as costas da Península
Valdés (na Patagónia), Austrália, África do
Sul e Brasil.
A baleia-franca-austral distingue-se das
outras pelas calosidades que possui na cabeça, pela ausência
de barbatana dorsal e pelo arco que descreve a sua boca, que começa
acima do olho. O seu corpo é cinzento escuro ou preto, apresentado,
esporadicamente, manchas brancas na barriga. As calosidades são brancas não
pela pigmentação da pele mas pelas colónias de cyamidas que as
povoam (da família das Cyamidae).
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Baleia Franca-Austral - Foto: Chrys Rochat |
Visualmente, estas baleias diferenciam-se
das outras do mesmo género pela forma do crânio e pelas calosidades
que, nas outras espécies, existem em maior número no maxilar inferior.
A baleia-franca-austral passa os meses de
Verão a sul, em zonas onde abunda o krill, junto à Antárctida. No
Inverno migram para norte, para se reproduzirem, podendo ser vistas junto às
costas
da Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Moçambique, Nova
Zelândia e África do Sul. Estima-se que a população esteja entre os
sete mil e os oito mil exemplares. Desde que a pesca destes animais foi
proibida, o seu número aumenta anualmente cerca de 7%.
Pensa-se que os grupos que vivem espalhados
pelos territórios que ocupa esta baleia, não se misturam entre si, ou que o fazem
muito esporadicamente, devido à fidelidade que uma progenitora dá ao habitat onde
dá à luz e onde cria os seus filhotes. Estudos demonstraram que as estes
instintos são passados às crias (pela progenitora).
No Brasil, foram catalogados mais de 300
indivíduos (por fotografias tiradas às calosidades da cabeça), através de um
estudo levado a cabo pelo "Projeto Baleia-franca" brasileiro.
No estado de Santa Catarina pode
observar-se uma concentração considerável de exemplares que se deslocam ali,
entre os meses de Julho a Novembro, para dar à luz e amamentar as suas novas
crias. Alguns destes exemplares utilizam também as costas da Península Valdés,
na Patagónia, para se reproduzirem.
Está preparada e adaptada para submergir-se
a grandes profundidades, podendo estar em apneia cerca de 50 minutos. Pertence à classe dos mamíferos por isso
respira por pulmões e tem sangue quente. Consegue armazenar uma quantidade maior
de oxigénio nos tecidos musculares e no sangue, acumulando uma
pequena quantidade de dióxido de carbono para evitar a respiração
involuntária e possível inalação de água. Com cada renovação faz trocas na
ordem dos 80/90% enquanto outros mamíferos fazem cerca de 10/20%. Tem a
capacidade de controlar o fluxo sanguíneo a órgãos vitais se se compromete a
existência de oxigénio. Expulsam o ar através
do espiráculo com força suficiente para provocar um jacto em forma de
"V" de alguma água acumulada sobre o dito orifício.
As crias destas baleias nascem com um peso
compreendido entre os 1000 e 1500 kg, medindo aproximadamente 5 a 6 m. de
comprimento. Os exemplares adultos medem entre os 16m
(macho) e os 18m (fêmea), que são ligeiramente maiores que os machos. A cabeça é cerca de um terço do seu corpo.
São os animais que possuem os maiores
testículos do mundo animal, pesando cada um 500 kg, que corresponde a 2%
do seu peso. Ambos podem expulsar uma quantidade de sémen que alcança os 20
litros. A cauda, que praticamente é o seu único
elemento de propulsão, é constituída por um tecido fibroso e elástico, que se dispõe
de forma horizontal.
Em 1984, a Argentina declarou-a
um Monumento Natural.
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Baleia Franca-Austral e filhote - Foto: Chrys Rochat |
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